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Adotar: um ato de amor incondicional

Por Aline Costa

Adotar é um ato, uma ação constituída de várias condicionantes, porém a maior de todas elas são a possibilidade de viver o amor incondicional, revolucionário e transformador por um Ser, que no caso será teu filho com todos os direitos legais da parentalidade. Para tanto é preciso superar as angústias, os medos e preconceitos para vivenciar este ato.

O amor, portanto, é a mola mestra do ato de adotar. Por ser um dos sentimentos mais profundos, ele tem o poder de “curar” muitas feridas e com isso construir relacionamentos sadios e pessoas independentes como também seguras. O amor possibilita também o sentimento de pertencimento de um coletivo, da família e é constituído por meio de muito diálogo, da palavra e do toque.

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É muito importante que os pais tenham compreensão da sua própria dinâmica psicológica, suas dificuldades, o que precisam superar, para que assim haja condições de estabelecerem parâmetros de uma relação saudável com os filhos. Quando os pais são seguros e felizes, os filhos tendem a espelhar esse comportamento deles também.
Uma adoção bem sucedida é aquela que nasce do desejo de viver o amor incondicional, dar afeto, onde os pais/mães, a princípio, podem dar mais do que receber. A decisão de adotar é quando você sente essa possibilidade de que a partir dela sua vida será uma constante troca com seu filho.

O apego ao amor biológico

O ato de adotar traz também a preocupação com as questões genéticas. Que o filho adotivo traga características negativas dos pais biológicos. Porém nenhuma genética é suficientemente perfeita que marque infinitamente comportamentos para o resto da vida. Somos seres mutáveis que se transformam pelas influências do meio, da sociedade e, principalmente, pelas relações estabelecidas.

O apego ao amor biológico é narcisista quando fala que vem da perpetuação das características físicas e comportamentais dos pais. Por outro lado o amor incondicional da adoção é o encontro dos desiguais, dos diferentes. Nesse sentido não se deve projetar uma criança símbolo de perfeição, pois todo filho, ou melhor, todo ser humano tem suas limitações, dificuldades, porque todo ser humano é assim. Colocar a responsabilidade que a criança ou adolescente é assim porque é adotado é se eximir da responsabilidade de se relacionar com o outro como ele é.

O papel dos pais

Pra viver o amor incondicional no ato de adotar é preciso muita verdade, sinceridade, paciência, carinho e firmeza. Deve-se, fugir do estereótipo da pena, pois isso só vitimiza a relação com o filho. Para tanto a palavra, por meio do diálogo e o exemplo por meio das ações são os elementos de superação e construção de uma relação afetiva, vincular e incondicional entre pais e filhos.

A responsabilidade do adulto é de fazer a relação acontecer de modo pleno e assertivo. Dificuldades vão existir, mas as soluções para elas também. Importante salientar que a adoção de uma criança/adolescente não pode exercer o papel de solução para uma relação, tais como salvar casamento ou a de fazer os pais felizes. Às vezes é bem pelo contrário.

“Os primeiros seis meses de vida de uma criança são um período que se firma a relação parental de apego. Até os doze meses, a presença física e o aconchego corporal são facilitadores fundamentais para que a criança se adeque à novas situações” (FILHO, 2008). 

Assim é quando chega seu filho adotivo, não importando com que idade ele chegue, os primeiros seis meses são para ele ir se vinculando, adquirindo confiança e sentindo que faz parte dessa família e pode contar com os pais/mães.

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Duas condições, que a princípio parecem contraditórias, são necessárias para o desenvolvimento sadio da relação pais/mães e filhos. De início é indispensável proteção e aconchego e em fases posteriores é preciso autonomia e independência. É a harmonia entre esses elementos que possibilitará um amadurecimento emocional do ser humano.

Superando medos e desafios

A realidade nos mostra que crianças ou adolescentes com muito tempo de abrigamento e que sentiram acentuadamente o abandono da família de origem, geralmente tem um comportamento indesejado. Porém é preciso ter a sensibilidade para entender que este comportamento é um pedido inconsciente de socorro e de amor. Eles testam os pais, como forma de uma pseudo auto segurança. Dão o seu pior para ver o que recebem. Tudo isso é construído devido ao medo de não suprir as expectativas dos pais/mães, ao medo de não ser aceito, ao medo de um novo abandono. E todo esse comportamento leva tempo para ser desconstruído.

Outro fator que transparece o ato de adotar é o medo da adoção inter-racial. Isso acontece, por não querer que a criança ou os próprios pais sofram preconceito da sociedade devido a cor da pele ou, pelo fantasma da caridade. Nesse sentido vale a pena ressaltar novamente que os filhos adotivos serão constituídos a partir das relações sociais que ele for estabelecendo na vida, portanto pode vir a ser parecido com os pais/mães em questão de caráter, personalidade, espiritualidade, e outros comportamentos e características. Porém pelo amor incondicional, os pais adotivos aprendem a lidar com as essas diferenças e vão vencendo juntos as dificuldades.

Uma das formas de vencer esses preconceitos e dificuldades e uma das marcas do amor incondicional é sempre falar a verdade. A verdade é um elemento central no processo de constituição da relação pais/mães e filhos. No processo da adoção, não se deve esconder ou camuflar a verdade, pois esconder é se sentir dependendo da aceitação do outro e isso alimenta as dificuldades e o preconceito. Cada ser tem a sua história que foi construída com o enredo da sua própria vida, portanto pais e filhos devem se orgulhar de sua história.

Todos os filhos são biológicos e adotivos!

Assim no ato de adotar, podemos nos deparar com a premissa que todos os filhos são biológicos e adotivos. É a escolha do amor incondicional e o cuidado que nos legitima como pais. O amor pede uma relação de presença e aconchego, é uma conquista e uma constância, amor não vem do sangue, mas sim da relação intensa de aprendizado entre os pares.

E falando em aprendizagem salienta-se que o ato de adotar é viver a oportunidade de aprendizagem no seu sentido amplo. Tanto, no processo de incorporação dos valores da família, quanto a construção de referências para que os filhos encontrem a sua forma individual/coletiva de ser. Os pais são necessariamente pedagogos que auxiliam as crianças e adolescentes no seu processo de ser e estar no mundo e, concomitantemente todos são aprendizes da ação de adotar e do ato de amar incondicionalmente.

Referências:
SILVA, S. R. B. S. Guia do pai adotivo. 2ª ed. Curitiba: Juruá, 2012.
FILHO, L. S. Compreendendo os pais adotivos. 2ª ed. Recife: Bagaço, 2008.

Aline Costa (CRP 12/07755) é especialista em Psicoterapias corporais e também estudou Terapia Sistêmica Familiar. Ela realiza atendimento clínico a crianças, adolescentes e adultos no Grupo de Estudos e Apoio à Adoção Anjos da Vida

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