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LAÍS ALEGRETTI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Pela primeira vez em 2018, as demissões superaram as contratações no mercado de trabalho formal em junho.
Após a desaceleração nos meses anteriores, o corte de vagas terminou de frustrar a expectativa de recuperação do emprego neste ano.
O saldo do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) ficou negativo em 661 vagas em junho, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira (20).
Em igual mês do ano passado, o saldo foi positivo. Foram criadas 9.821 vagas com carteira assinada.
O resultado ruim se torna mais significativo por ter sido registrado em um mês que costuma ter criação de emprego, segundo o professor Hélio Zylberstajn, da USP (Universidade de São Paulo).
"Nesse período do ano, em uma época normal, estaríamos com crescimento no emprego", disse. "Esse dado acaba de enterrar a esperança que a gente tinha há seis meses, de que este seria um ano bom."
Desde 2002, junho só havia tido resultados negativos em 2015 e 2016, de acordo com a série histórica do governo.
Zylberstajn diz que a paralisação dos caminhoneiros, que afetou o desempenho da economia em diversos aspectos, também impactou o mercado de trabalho à medida que piorou as expectativas.
Essa não foi, contudo, a única explicação para o resultado do mês passado, de acordo com o especialista.
"A coisa já não vinha bem antes da greve. O que a greve fez foi piorar", disse.
Nos meses anteriores, o mercado formal já mostrava forte desaceleração, mas ainda tinha um saldo positivo –ou seja, as contratações superavam as demissões. Em maio, o Brasil registrou a criação de 33,7 mil vagas formais.
No acumulado no primeiro semestre de 2018, o saldo de criação de emprego está positivo em 392,5 mil vagas.
O problema é que, no fim do ano, sempre há uma grande quantidade de demissões, que podem reverter o saldo positivo.
"Tudo que a gente ganhou até agora será perdido em dezembro e mais um pouco. Então o que a gente vai ganhar depende de julho a outubro, porque novembro e dezembro já tem demissão", disse Zylberstajn.
Outro fator que afeta as contratações especialmente no segundo semestre é o período eleitoral.
"Todas as empresas, todos os setores estão esperando o quadro da eleição ficar mais claro para tomar decisões."
Em junho, a agropecuária garantiu um saldo positivo de 40,9 mil, que, segundo Zylberstajn, é sazonal -ou seja, típico para este período. Mais de metade está ligada só à cultura de café e de laranja.
Por outro lado, a indústria de transformação e o comércio foram os setores que mais cortaram vagas. Cada um deles fechou mais de 20 mil empregos no mês passado.
Entre as regiões, o Sul foi responsável por um saldo negativo de mais de 17 mil vagas. As demais regiões registraram saldos positivos.
O saldo do mês passado teria sido ainda pior sem contar as vagas intermitentes.
O resultado divulgado pelo governo considera um saldo positivo de 2.688 vagas de trabalho nessa modalidade no mês passado. Sem considerá-lo, o resultado geral fica negativo em mais de 3.000 postos.
A Folha revelou que o governo tem incluído os intermitentes na estatística de emprego mesmo sem saber se de fato trabalharam. Dessa forma, desde novembro, os contratos de intermitentes têm aumentado o saldo do Caged.
Criada pela reforma trabalhista, essa modalidade também é conhecida como zero hora, já que não prevê uma jornada fixa. Isso significa que o trabalhador pode ser chamado esporadicamente e só recebe remuneração pelo período que prestou serviço. Se não for convocado, não tem salário.
O Ministério do Trabalho informou, na ocasião, que será feita uma estimativa da proporção de contratados nessa modalidade que efetivamente trabalharam.
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LAÍS ALEGRETTI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Pela primeira vez em 2018, as demissões superaram as contratações no mercado de trabalho formal em junho.
Após a desaceleração nos meses anteriores, o corte de vagas terminou de frustrar a expectativa de recuperação do emprego neste ano.
O saldo do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) ficou negativo em 661 vagas em junho, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira (20).
Em igual mês do ano passado, o saldo foi positivo. Foram criadas 9.821 vagas com carteira assinada.
O resultado ruim se torna mais significativo por ter sido registrado em um mês que costuma ter criação de emprego, segundo o professor Hélio Zylberstajn, da USP (Universidade de São Paulo).
"Nesse período do ano, em uma época normal, estaríamos com crescimento no emprego", disse. "Esse dado acaba de enterrar a esperança que a gente tinha há seis meses, de que este seria um ano bom."
Desde 2002, junho só havia tido resultados negativos em 2015 e 2016, de acordo com a série histórica do governo.
Zylberstajn diz que a paralisação dos caminhoneiros, que afetou o desempenho da economia em diversos aspectos, também impactou o mercado de trabalho à medida que piorou as expectativas.
Essa não foi, contudo, a única explicação para o resultado do mês passado, de acordo com o especialista.
"A coisa já não vinha bem antes da greve. O que a greve fez foi piorar", disse.
Nos meses anteriores, o mercado formal já mostrava forte desaceleração, mas ainda tinha um saldo positivo –ou seja, as contratações superavam as demissões. Em maio, o Brasil registrou a criação de 33,7 mil vagas formais.
No acumulado no primeiro semestre de 2018, o saldo de criação de emprego está positivo em 392,5 mil vagas.
O problema é que, no fim do ano, sempre há uma grande quantidade de demissões, que podem reverter o saldo positivo.
"Tudo que a gente ganhou até agora será perdido em dezembro e mais um pouco. Então o que a gente vai ganhar depende de julho a outubro, porque novembro e dezembro já tem demissão", disse Zylberstajn.
Outro fator que afeta as contratações especialmente no segundo semestre é o período eleitoral.
"Todas as empresas, todos os setores estão esperando o quadro da eleição ficar mais claro para tomar decisões."
Em junho, a agropecuária garantiu um saldo positivo de 40,9 mil, que, segundo Zylberstajn, é sazonal -ou seja, típico para este período. Mais de metade está ligada só à cultura de café e de laranja.
Por outro lado, a indústria de transformação e o comércio foram os setores que mais cortaram vagas. Cada um deles fechou mais de 20 mil empregos no mês passado.
Entre as regiões, o Sul foi responsável por um saldo negativo de mais de 17 mil vagas. As demais regiões registraram saldos positivos.
O saldo do mês passado teria sido ainda pior sem contar as vagas intermitentes.
O resultado divulgado pelo governo considera um saldo positivo de 2.688 vagas de trabalho nessa modalidade no mês passado. Sem considerá-lo, o resultado geral fica negativo em mais de 3.000 postos.
A Folha revelou que o governo tem incluído os intermitentes na estatística de emprego mesmo sem saber se de fato trabalharam. Dessa forma, desde novembro, os contratos de intermitentes têm aumentado o saldo do Caged.
Criada pela reforma trabalhista, essa modalidade também é conhecida como zero hora, já que não prevê uma jornada fixa. Isso significa que o trabalhador pode ser chamado esporadicamente e só recebe remuneração pelo período que prestou serviço. Se não for convocado, não tem salário.
O Ministério do Trabalho informou, na ocasião, que será feita uma estimativa da proporção de contratados nessa modalidade que efetivamente trabalharam.
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