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Minha redenção

Uma senhora de setenta e dois anos se mantém em forma, sempre atendendo assolicitações quando chamam.

Raul Tartarotti*

Uma senhora de setenta e dois anos se mantém em forma, sempre atendendo as solicitações quando chamam. Ela é a vacina da coqueluche, levou quarenta e dois anos pra ficar pronta. Mas não foi a mais demorada a chegar às veias humanas. A vacina da meningite levou 94 anos, para oficialmente imunizar um vivente. Nasceu vovó. No livro dos records, com certeza encontraremos uma página para a vacina contra o covid-19.

Inacreditáveis dez meses foram suficientes, para ser fabricada e levada ao músculo deltóide humano, no nível da inserção inferior, na face externa superior do braço direito.

Ela deveria ter sido trazida de carruagem, com muita pompa, como foi realizado para a austríaca Maria Antonieta, ao casar-se com o príncipe consorte francês. Os responsáveis por levá-la até o delfim da França, Luís XVI, montaram uma parada com quarenta e oito carruagens, puxadas a seis cavalos. A chegada da menina de quinze anos fez o povo francês esquecer seus males, recuperar a coragem, e entregar-se a uma doce esperança.

Eis que igual sensação se mostra em nós desde agora, em que vemos aquela luz no fim do túnel, e de antemão sabemos que não é um trem, mas sim, a nossa redenção, a vacina contra Covid-19. São 223 tipos de vacinas, candidatas a nos salvar; 57 já possuem testes clínicos.

As aventuras que a humanidade investe, deveriam acompanhar um aviso: “Antes de nos submeter à vida, deveríamos ser anestesiados” (Karl Klaus).
Nunca imaginei que anestesia poderia ser apelidada de suco de vida, mas parece que dessa forma, não irá doer tanto usufruir o tempo que ganhei pra ficar nessa terra. O que mais desejamos é tirar a nossa dor, ou então, afastar nossos males, não necessariamente nessa ordem.

A administração aérea civil chinesa teve uma grande ideia para afastar esse mal. Com objetivo de proteger seus comissários de bordo do corona, sugeriu, que devam utilizar fraldas descartáveis, durante os voos longos, evitando assim ir ao banheiro e se contaminarem. Isso quer dizer que os aviões passarão a ter fraldário á bordo? Será que os pilotos é que vão trocar as fraldas dos comissários? Não consigo imaginar onde a criatividade levará as administrações de qualquer coisa, para desviar atenção de vírus.

Lá fora, o tempo permanece tóxico, substantivo que o dicionário de Oxford, cogitou como “palavra do ano”. Não sei bem se 2020 foi um ano, ou uma peça teatral, sobre o drama da existência e nossa eterna espera que algo extraordinário aconteça.

Esse foi um período que ficou muito fora do padrão, nos levou ao caos, e muitos foram vítimas dele. Sem lápide, sequer uma reza de um familiar receberam; os que sobreviveram, por sua vez, agora seguem a sós. Se ficarmos apenas esperando o próximo tempo, corremos o risco de viver a nossa própria sorte. Se houve algum tempo, que necessitasse um novo caderno, é o próximo. Sugiro ao leitor, que faça do ano vindouro, o novo a seu jeito. Quem sabe a sorte de outras escolhas, lhe permitam chegar à redenção.

*Raul Tartarotti é escritor e engenheiro biomédico.

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